quinta-feira, 15 de julho de 2010

Lembranças da Copa

Daqui a algum tempo você pode até esquecer quem foi o campeão da Copa, mas não esquecerá as coisas que aprendeu por causa dela.

Nesse ano aprendemos sobre geografia e hoje todo mundo sabe onde fica a África do Sul. Na próxima Copa os gringos vão aprender que Buenos Aires não é a capital do Brasil, que a floresta amazônica não está à venda e que nossas índias não usam silicone nem têm aquela marquinha de biquíni. Pelo menos por enquanto, né? Porque muita coisa pode acontecer em quatro anos.

Descobrimos que já conhecíamos alguns sul-africanos famosos. Você já ouviu falar de J. R. R. Tolkien, escritor autor de "O Senhor dos Anéis"; já viu a atriz Charlize Theron em filmes como "Uma Saída de Mestre" ou "O Advogado do Diabo"; e também já deve ter visto o ator Arnold Vosloo em "A Múmia" e em "O Retorno da Múmia".

Também descobrimos a vuvuzela e vimos o potencial que ela tem de irritar pessoas, principalmente quando está na mão de um bêbado que, sozinho, já é chato pra cacete, mas com uma vuvuzela ele pode ficar duplamente insuportável. Na verdade é só mais uma daquelas cornetas malditas que você já conhece, só colocaram um nome mais engraçado para tentar te conquistar.

Assisti à maioria dos jogos do Brasil acompanhado pelo clima de festa com a família. Foi assim:
- Amendoim, pãezinhos, pipoca ou outros petiscos durante as partidas.
- Risadas causadas por comentários paralelos.
- Bagunça na casa da tia.
- Um copo quebrado durante a comemoração de um gol. Não foi culpa minha. Sério!
- A priminha de cinco anos triste porque acabou a pipoca no meio do jogo.
- A mesma prima sortuda e feliz por ter acertado o palpite no bolão.
- Os R$ 2,00 mais mal investidos da minha vida por ter participado desse bolão.
- Um cafezinho depois dos jogos do período da tarde.
- Mais risadas.

E a brincadeira acabou. Tirando o fato de eu ter ficado R$ 2,00 mais pobre, minha vida não mudou com a derrota da seleção brasileira e também não mudaria se ela tivesse conseguido o hexa.

Agora só tem uma coisa que não entendi nessa história: são necessários apenas 22 jogadores e uma bola para fazer um país inteiro parar por quase duas horas, mas precisamos de milhões de trabalhadores para fazer esse país andar 40 horas semanais em troca de um salário mínimo. E você tem quatro anos para me convencer de que isso faz sentido.

PS: Se eu tivesse R$ 2,00 agora eu compraria um pão de queijo e guardaria o troco no porquinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário